"Veneficium é
um termo
de origem grega que denota não só a fabricação de drogas e venenos, mas
encamentos
de toda e qualquer espécie¹, inclusive a fabricação de perfumes e o ato
de
perfumar em si, que há muito é associado às práticas mágicas². E quanto a
isso,
já dizia Paracelso que o que diferencia a cura do evenenamento é a dose e
a quantidade. Ou seja, Vida e Morte como sempre andam de mãos dadas.
Há
milênios a bruxa é retratada na literatura como aquela que cura, mas
que também amaldiçoa. É conhecida como a vilã da jornada do herói, mas
que em última instância, é ela quem desencadeia suas descobertas através
dos seus obstáculos e da imposição das suas provas. É a Circe de Homero
que através do Veneficium transforma os parceiros de Ulisses em
animais, mas que também devolve a vida humana aos mesmos. É a Medéia de
Eurípedes que em troca do carneiro de ouro que entregou a Jasão recebeu o
desprezo do mortal e então em punição, através dessas mesmas artes,
envenenou seus filhos a fim de ver o pai em desespero. (...)"
Imagem: Circe Invidiosa (Waterhouse, 1892).
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¹ GRAF, Flitz. La magie dans l’ Antiquité greco-romaine. Ideologie et Pratique. Paris: Les
Belles Lettres, 1994.
Belles Lettres, 1994.
² FINNÉ, Jacques. Erotismo e feitiçaria: O amor bruxo através dos tempos. São Paulo: Edições MM, 1973.