Bruxaria Tradicional

Bruxaria Tradicional é um termo que foi cunhado pelo falecido Robert Cochrane em Novembro de 1964, como uma forma de separar as práticas tradicionais das modernas (como a Wicca de Gardner). Como lemos no ensaio The Craft Today publicado na revista Pentagram"Durante a perseguição os aderentes do sistema de Mistério passaram à clandestinidade e se juntaram com as crenças aborígenes das massas, e assim tornaram-se parte da Bruxaria tradicional".

Vamos analisar os termos “Bruxaria” e “Tradicional” para uma melhor compreensão:

BRUXARIA

Bruxaria, em matérias acadêmicas como História, Antropologia e Ciência das Religiões há um consenso de que a Bruxaria seja o uso alegado de poderes sobrenaturais ou mágicos. Podemos compreender que se trata de ações que independem de religião ou localização no planeta, bastando a crença nos poderes invisíveis de deuses, espíritos, anjos, fadas, gênios, etc., que visem a transformação e/ou manipulação destas forças para alterar uma realidade, interna ou externa ao próprio operador. Os métodos da Bruxaria são pragmáticos, e por este motivo, somente as operações que são realmente eficientes se perpetuaram através dos tempos.
                       
Feitiçaria/Bruxedo: O termo “bruxo” ou “feiticeiro” é usado de forma alternada em todos os registros históricos. Embora a teoria do antropólogo E.E. Pritchard dê sustentação à diferenciação entre bruxaria e feitiçaria, esta diferença se sustenta somente no uso de ferramentas externas ao próprio operador, e mesmo assim, ele mesmo contra-argumentou usando o fator de popularidade do termo, do uso comum de associação pelo menos na Europa. Historiadores em peso discordam desta diferenciação por encontrarem traços abundantes que apontam para “bruxas” que poderiam igualmente usar técnicas físicas, da mesma maneira que tentavam isto através de “pensamentos”.



TRADIÇÃO

Tradição é uma expressão do ethos de um grupo ou sociedade, composto de conhecimentos acumulados, crenças, valores e costumes. Ela é proveniente do latim “traderetraditio, ou ainda traditionis”, que significa trazer, entregar, transmitir.

Assim, ela transmite certo conteúdo que pode ser uma memória cultural, espiritual e material. Este conteúdo geralmente é um conjunto de idéias, recordações e símbolos que passam através de gerações. A Tradição, via de regra, é uma doutrina, uma cosmovisão e não um dogma. A partir de uma Tradição, é possível encontrar correlações com todas as outras, por mais diferentes que sejam suas origens, sem, no entanto perder a atenção os elementos que dão o contexto cultural dela, ou seja, suas similaridades e diferenças são importantes. A Tradição só não conhece fronteiras. Infelizmente em nossos dias é comum ater-se somente ao aspecto de legado, sem haver um critério específico no conteúdo ou qualidade deste legado.

Portanto, quando falamos de "Bruxaria Tradicional", estamos falando da defesa à multiplicidade das expressões tradicionais, sem confundi-las ou mistura-las, e mesmo assim reconhecendo os pontos em comum que todas elas possuem. Isto significa que é necessária uma perspectiva tradicional, ou como também é chamado, uma mundovisão tradicional. É caminhar na circunferência de um círculo sem perder de vista o ponto, o centro, o eixo central de sua própria condição, o seu papel no mundo.

A Bruxa tradicional era aquela velha que morava no mato, no campo, e algumas eram iletradas, mas podiam conjurar as nuvens e os acontecimentos. Ela é aquela que pega um utensílio doméstico qualquer e com ele faz arremessos ao Destino, para transformar o que quer que seja ou, alçar voo para fazer seu congresso com o deus das bruxas.
Não confunda astrologia tradicional com bruxaria tradicional. A primeira está ligada aos magos constelares e a segunda está ligada à terra, ao céu, ao submundo e, ao Entre Mundos.